30 de ago. de 2010

A menina que fez a América

A MENINA QUE FEZ A AMÈRICA

         Eu vou morrer um dia, porque tudo que nasce também morre: bicho, planta, mulher, homem. Mas histórias podem durar depois de nós. Basta que sejam postas em folhas de papel e que suas letras mortas sejam ressuscitadas por olhos que saibam ler. Por isso, aqui está para vocês o papel da minha história: uma vida-menina para as meninas-dos-seus-olhos.
         Vou contar…
         Eu nasci no ano de 1890, numa pequena aldeia da Calábria, ao sul da Itália. E onde fica a Itália?… É só olhar um mapa da Europa e procurar uma terra em forma de bota, que dá um pontapé no Mar Mediterrâneo e um chute de calcanhar no Mar Adriático.
         É lá.
         Lá, nessa terra entre mares, foi que eu nasci num dia de inverno, quando as flores silvestres que perfumavam o ar puro dos campos da minha aldeia estavam à espera do florescer da primavera. Saracema: este era o nome do lugar pequenino onde eu nasci. Eu disse “era”, embora o lugar ainda existia e tenha crescido, como eu também cresci. Mas, como nunca mais voltei para lá, acho que não pode se mais o mesmo que conheci e onde vivi até os dez anos de idade. A Saracena de 1890 era aquela sem a comunicação do telefone, os sons do rádio e as imagens da televisão nas casas; sem o eco dos carros e das motocicletas nas estradas ou o ronco dos aviões sobre telhados. A música que andava no ar, nos tempos da minha infância, vinha do canto dos pássaros, do chiar das rodas das carroças, das batidas dos cascos dos cavalos, do burburinho do risco das crianças e do lamento dos sinais das igrejas. Essa era a voz da terra onde começava a minha vida e terminava o meu mundo.
         Nunca cheguei a conhecer meu pai, Domenico Gallo. Só em retrato: um homem alto, bonito, de finos bigodes. Dizem que ele ficou muito feliz quando eu e meu irmãozinho Caetano nascemos. Ah, esqueci de dizer que meu nome é Fortunata e que, quando menina, me chamavam de Fortunatella.

(Laurito, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América. São Paulo, FTD)


2)      Quando e onde a menina nasceu?
3)      Até que idade ele viveu em Saracena?
4)      Como a menina se chamava? Como a menina era chamada quando pequena?
5)      Quem era Caetano e Domenico?
6)      De que modo Fortunata conhecia seu pai?
7)      Você acha que a menina teve uma infância feliz? Por quê?
8)      Se você tivesse de dar outro título ao texto, qual seria? Por quê?

O leão e outros animais

O preço de um cheiro

O preço de um cheiro

Um camponês foi à cidade vender seus produtos. Ao regressar, parou em uma pousada para descansar.
— O que deseja? — perguntou o dono, solícito.
— Um pouco de pão e vinho, por favor. Enquanto o dono atendia ao seu pedido, o camponês passou a observar o local. Havia no fogo uma carne que exalava um aroma irresistível. Ele ficou com vontade de saborear o assado, mas não tinha tanto dinheiro...
Depois de um momento o dono da pousada voltou para trazer-lhe o pão e o vinho. O camponês bebeu o vinho, mas seus olhos não desgrudavam da carne suculenta. De repente, ele teve uma idéia: colocar o pão no vapor que subia do assado, para umedecê-¬lo. No momento em que ia experimentar o pão, foi interrompido por um grito:
— Você se acha muito esperto, não é? — disse o dono, zangado. — Terá de me pagar por isso também!
— Eu não lhe devo nada além do pão e do vinho — disse o camponês surpreso.
— E o cheiro da carne, não custa? — retrucou o dono, zangado.
— O cheiro da carne? — repetiu o camponês, espantado.
— Mas isso não custa nada!
— Como não custa nada? Tudo o que existe aqui é meu, inclusive o cheiro do assado!
A discussão chamou a tenção de um freguês.
— Quanto você quer pelo cheiro do assado?
— Cinco moedas! — disse o dono, satisfeito.
—Tenha dó! — exclamou o camponês, tirando o dinheiro do bolso. — Isso é tudo que eu ganhei por um dia de trabalho...
O freguês pegou as moedas do camponês e sacudiu-as diante de todos.
— Ouviu isso? Pronto! Já está pago.
— Como assim, já está pago? — admirou-se o dono.
— Por acaso este pobre camponês comeu a carne? Não! Apenas sentiu o cheiro do assado. Para pagar pelo cheiro do assado basta o som moedas!
Diante da risada geral, o dono da pousada ficou sem razão e concordou em não cobrar nada do camponês. E pior: ainda fez papel de bobo!


1) Assinale a frase que apresenta o mesmo sentido de:

“A carne exalava um aroma irresistível.”
(    ) A carne liberava um cheiro estranho.
(    ) A carne liberava um odor insuportável.
(    ) A carne liberava um odor agradável a que não se podia resistir.


2) O dono da pousada perguntou solicito: “O que deseja?” Sabendo que solícito significa prestativo, prestimoso, pronto para servir, assinale o tom de voz que ele usou.

(    ) áspero
(    ) rude
(    ) educado
(    ) grosseiro

3) Numere os fatos na ordem em que aconteceram.

(    ) O freguês explica que o camponês pode pagar o cheiro com o barulho das moedas.
(    ) O dono da pousada cobra pelo cheiro da carne e o camponês se recusa a pagá-lo.
(    ) O camponês coloca seu pão no vapor que sobe da carne.
(    ) Um freguês ouve a conversa entre os dois homens e sacode as moedas do camponês.
(    ) O camponês sente cheiro de carne assada.

4) Responda:
a) É correto pagarmos pelo cheiro de algum alimento? Justifique.

b) E pelo aroma de um perfume, quando devemos pagar?

5) Com base no texto, faça um comentário sobre a atitude tomada pelo freguês que assistia à discussão do dono da pousada com o camponês.

6) Escreva ao lado de cada ação a que personagem se refere.

Defendeu o camponês
Atendeu o camponês
Chacoalhou as moedas
Colocou o pão no vapor
Cobrou pelo cheiro
Bebeu o vinho

7) Passe o 6º parágrafo para o plural.

8) Circule as 5 palavras escritas incorretamente e reescreva-as.
comfiança - omenagem - ombro - hoje - horário - herança - igiene - sonbrio - fugil - honra

9) Retire do 3º parágrafo três palavras com:

a) hiato:
b) ditongo:

10) Separe as sílabas das palavras abaixo e circule a tônica.

regressar:
interrompido:
desgrudavam:
refeição:
conheceu:
A VELHA CONTRABANDISTA

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não “espaia” ? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É lambreta.
(Stanislaw Ponte Preta)

##########################################

Interpretação do texto

1) O que a velhinha carregava dentro do saco, para despistar o guarda?
_______________________________________________________________________________________

2) O que o autor quis dizer com a expressão “tudo malandro velho”?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3) Leia novamente o 4º parágrafo do texto e responda:
Quando o narrador citou os dentes que “ela adquirira no odontólogo”, a que tipo de dentes ele se referia?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4) Explique com suas palavras qual foi o truque da velhinha para enganar o fiscal.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5) Quando a velhinha decidiu contar a verdade?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6) Qual é a grande surpresa da história?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

7) Numere corretamente as frases abaixo, observando a ordem dos acontecimentos.
( ) O fiscal verificou que só havia areia dentro do saco.
( ) O pessoal da alfândega começou a desconfiar da velhinha.
( ) Diante da promessa do fiscal, ela lhe contou a verdade: era contrabando de lambretas.
( ) Todo dia, a velhinha passava pela fronteira montada numa lambreta, com um saco no bagageiro.
( ) Mas, desconfiado, o fiscal passou a revistar a velhinha todos os dias.
( ) Durante um mês, o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
( ) Então, ele prometeu que não contaria nada a ninguém, mas pediu à velhinha que lhe dissesse qual era o contrabando que fazia.

Exercício de concordancia




Assinale com “C “ as frases corretas quanto a concordância e com “ I ” as frases incorretas:

1) (  ) Falou o Ministro e todos os seus assessores.
2) (  ) Saiu agora mesmo daqui seu tio e suas primas.
3) (  ) Não só os
alunos, como também o diretor faltou às aulas.
4) (  ) Fumar e beber faz muito mal à saúde.
5) (  ) O comer e o dormir engordam.
6) (  ) Não só eu, mas também meus filhos estão com gripe.
7) (  ) Bebida, festas, dinheiro, mulheres, nada o tornava alegre.
8) (  ) Céu, mar, terra, rios, sol planetas, animais tudo se constituem dos mesmos elementos.
9) (  ) Tanto o marido como a mulher mentiu.
10) (  ) Deverá viajar conosco Ademir e Adriana.
11) (  ) Deus e demônio, brancos e negros, crentes e ateus, mulheres e homens, ninguém o igualava em tragédias ou em comédias.
12) (  ) Tanto você quanto eu estou na mesma situação.
13) (  ) O burro, o asno e o preguiçoso, sem pancadas, nenhum se mexe.
14) (  ) Veio ao aeroporto Giovanna, Lucas, Gabriel e os primos.
15) (  ) Giovanni ou Otaviano dirigirão o automóvel.
16) (  ) Chegou uma carta e um telegrama para Vossa Excelência.
17) (  ) Perder e ganhar é do esporte.
18) (  ) Os Sertões foram publicados em 1902 e são de autoria de Euclides da Cunha.
19) (  ) Luís, bem como seus irmãos, virá comigo.
20) (  ) As estrelas parecem brilhar mais intensamente hoje
21) (  ) As estrelas parece brilharem mais intensamente hoje
22) (  ) As crianças parece estarem com fome.
23) (  ) Vossa Santidade estejais em paz, que cuidaremos da sua segurança.
24) (  ) Tudo parecem rosas na vida.
25) (  ) Aquilo parecem fogos de artifício.

Gabarito dos exercícios sobre concordância.1.C - 2.C - 3..I - 4.C- 5.C - 6.I - 7.C - 8.I - 9.I -10.C - 11.C -12.I - 13.C - 14.C - 15.I - 16.C - 17.I -18.C - 19.C - 20.C - 21.C - 22.C - 23.I - 24.C - 25.C